Poeta
Ser poeta pra viver
poeta morre ao escrever
e nessa morte em palavras
ele encontra resplandecer
Nas manhãs ele engasga
o amargo silêncio da solidão
por que seria poeta completo
se pra ele a vida é imensidão?
Rotinas tardias ele aproveita
seu café requentando sem coar
pão dormido economizar
lágrimas salgadas à temperar
Noites em claro ele noiteia
digita, anota, receia e nomeia
desvendando anedotas procurando uma centeia
Madrugada questionada
pra quê dormir, levantar?
se o poeta não entende
do que ele pode falar?
Questionando existência
poeta continua na insistência
de querer sobre o mundo contar
sensações do ouvinte ou vivente
que ele adora admirar.