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O Amor é leve

Eu realmente não entendo o motivo do sucesso de tantas músicas de traição ou músicas para corações partidos, despedaçados... Muitos compositores dizem que são relatos de experiências próprias, muitos ultimamente cantam suas próprias dores, isso eu acho incrível! Consigo entender como estamos vivendo vidas artificiais... Amores descartáveis...

Não existe mais o amor puro e doce de passeios simples de mãos dadas, agora existe o "toma esses cinquenta reais" ou "seu infiel" ou "só vou levar o cachorro e o meu violão" coisas assim... Sei que não sei muito bem as letras, mas também só consigo sentir a dor que essas pessoas sentiram quando passaram por essas situações de estrema tristeza...

Somos errados em começar relacionamentos em momentos frágeis de nossas vidas, criamos expectativas demais ou às vezes de menos e enxergamos tarde demais quando poderíamos ter vivido um amor real, por bobeira, nós perdemos a chance.

Eu gosto muito de frequentar barzinhos com música ao vivo, tenho amigos que são músicos, sou muito curioso em entender o sofrimento das pessoas, gosto de explorar - pode ser estranho - gosto de analisar como as pessoas se relacionam com o sofrimento, claro, também gosto de analisar as alegrias, sempre acabo aprendendo muito.

Procurei tanto alguém esse tempo todo, alguma pessoa que pelo menos pudesse conversar comigo algum assunto diferente, que eu pudesse aprender algo que não sei e ela também...

Quando eu cansei de procurar, sentei no bar e fui ouvir o garçom contar os últimos fatos que ele ouviu na noite passada, fiquei lá pensando na letra da música que tocava, que dizia sobre mais um caso de coração partido... Era uma dupla nova que estava lá, o bar ainda estava vazio, gosto de chegar cedo e ver o clima das pessoas chegando, até que: Opa! Conheço esse perfume!? Não??

Senti um aroma maravilhoso, um perfume que fazia eu me lembrar da minha infância, as férias na casa de campo do meu tio, a fogueira com os primos e as piadas... Era muito bom! Que saudade!

Aquele perfume me fez viajar por tempos que me acalantavam em minhas férias, me tranquilizava, trazia a paz... Que perfume suave! De onde vem?

Comecei a seguir meu olfato pelo bar, até que cheguei ao corredor, ao final daquele corredor havia um outro bar... Eu não conhecia aquela parte, havia uma sala de espera com um mini bar... alguns sofás, puffs... Até que...

O que era aquela silhueta? Nossa...

Cabelos longos e cacheados e um decote profundo nas costas, será uma sereia? Notei que o perfume vinha dela, era extrovertida, mas tímida ao mesmo tempo, conversava com o segurança do bar, pareciam amigos, não sei, será? Estou torcendo que seja amizade...

Esperei que ela se sentasse e a vi pedindo um chopp, mmm... Resolvi me aproximar:

- Olá, como vai? Queria te fazer uma pergunta, posso?

- Na verdade, você já fez...(risos) mas pode fazer outra então...

- Qual o nome do seu perfume?

- (risos) ele não tem bem um nome...(risos)

- Como não?

- (risos) é criação minha...Sou perfumista.

- Nossa, você é muito talentosa, sabe, seu perfume me lembra muitas férias que eu passei na casa de campo do meu tio... São lembranças maravilhosas... Esse perfume me lembra o cheiro do jardim da vizinha do meu tio... Ela cultivava muitas flores, diversas... Por isso fiquei curioso (risos) desculpa eu me abrir assim, é por que realmente fiquei impressionado.

- Não acredito...? (risos) Qual o nome do seu tio?

- Domingos...(risos) por quê?

- Eu tinha um vizinho chamado Domingos, quer dizer, ainda tenho, minha mãe ainda mora lá, eu me mudei né?... Sabe como é, trabalho... E me adaptei com a vida de perfumista na cidade...

- Nossa! Que mundo pequeno!! (risos)

E seguindo o papo, compartilhamos nossas experiências de vida, nossas derrotas, batalhas vencidas, as mudanças... Conheci um universo que estava ao meu lado todos os anos, por um período de mais de um mês, duas vezes ao ano... E eu nem sequer havia olhado naqueles olhos profundos cheios de mel e tão iluminados...

Não era só o perfume que marcava, era a voz, os lábios, os risos... Ela se tornou a cereja do meu bolo (clichê né? Mas foi mesmo...) O final feliz para minhas canções tristes, as cores para minha vista cinza, ela coloriu toda a sala de estar da minha vida!

Ficamos horas no papo e não conseguimos parar de nos falar e de recordar todas as memórias boas que vivemos no campo... Eu encontrei algo novo em minha vida naquele dia, com aquele perfume, com aquele decote, com aquele chopp...

Descobri que ainda existe amor por ai, que ele nos pega de surpresa, quando já largamos todas as cartas na mesa, o amor nos pega na leveza, ele vem com delicadeza... Esse é o amor! Ele mora em qualquer lugar e muitas vezes está ao nosso lado, mas nós ficamos desacostumados a observar.

O amor que eu vivo hoje é o amor das verdades, sem jogos, é o amor forte e que nos segura, nos lança para longe.

Só quero dizer obrigada universo por ter enviado esse amor de longe para perto! Antes estávamos perto sem saber, o mundo nos preparou para o agora, para o futuro e para ser!

Ser o que já éramos sem se preocupar, o verdadeiro amor ama todos os dias, às vezes temos de viver situações duras, mas essas situações, meus caros, nos preparam para o nosso futuro, podemos encarar tudo depois das dores e feridas curadas.

Abra os olhos, o amor é leve!

Meu amor, te amo todos os dias, te espero no térreo, nos vemos em breve.

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