Cara, desculpa
Eu não sei, costumamos viver em um mundo tão fechado para os sentimentos. Se sentimos e dizemos o que sentimos, somos taxados como fracos e sonhadores, mas eu sempre acreditei que um dia conseguiria encontrar alguém que pudesse me entender, alguém que pudesse apreciar o amor que costumo dizer em palavras e escrever em linhas.
Por que ser tão frio e fechado, quando me sinto completo - consigo respirar e falar o que minha mente almeja todos os dias, por quê? Esse não seria eu, eu quero poder acordar todos os dias e perceber que cada passo que tenho dado; à partir de agora, são por escolhas minhas, não as vontades impostas por alguém que sempre acreditou que é assim que deve ser, pois todos agem dessa forma: - Vamos cara!? Tem muita mulher por ai, é carnaval pô? A superficialidade não consegue me guiar, eu quero poder dizer sem medo, falar sem pensar em qualquer fraqueza que as pessoas possam julgar que eu esteja apresentando, esse sou eu.
Andando pelos parques repletos de jacarandás, sentindo o perfume que o ar carrega, esse ar toca minha pele em uma dança leve e fresca me guiando até um pequeno banco, onde consigo me sentar e pensar um pouco.
Mas como a vida é repleta de surpresas, meus olhos encontram um encanto... Ela, quem é essa mulher? Ela caminha sozinha - caderno em suas mãos, começo a observá-la... Ela caminha suavemente, fica admirando as árvores, toca as pétalas do chão, aproxima uma perto de suas narinas, fecha os olhos, inspira e expira... Ela sorri e guarda a pétala entre as folhas de seu caderno, como pode ser tão bela de se ver? - Eu também sempre gostei do perfume dessas flores, tudo bem? - Ah... Tudo bem, (risos)
- Não quer me acompanhar em um café? Também gosto de chá gelado (risos)
- (risos) mmm...
- Tem um lugar aqui perto, prometo que se eu for chato, não me incomodarei que vá embora, eu gosto de sentar na mesa onde consigo ver de longe os Jacarandás daqui...Vamos?
- (risos) tudo bem...
Primeiro papo, primeiro olhar... Começamos a falar sobre os parques que estão começando a ficar poucos na cidade; e de como é triste não termos mais tempo para aproveitar mais a vida por aqui, falamos dos sonhos de irmos viver em locais menores e mais calmos, que a loucura da cidade não nos faz bem e em muitos momentos; ela nos dá vontade de correr, mas parece que estamos correndo em círculos... Que vida louca na cidade... Mas no momento, escolhemos viver aqui e voltamos a comentar sobre nós, desafios, dores passadas, promessas não cumpridas, vestibulares reprovados, julgamento familiar... Estava eu, enfeitiçado pelo olhar tranquilo e pelo perfume que me prendia naquele lugar... Ela... Desde esse dia, não pude fugir do que a vida me apresentou, estava nela e ela em mim, como uma onda de calor, aquele calor que te alegra, que faz você ter vontade de ficar parado, sentido o ar da brisa do mar e o abraçar do quentinho ameno do sol da manhã.
Ela é isso, essa felicidade de acordar cedo e preparar um café, mesmo eu não gostando de café, a felicidade de acordar no meio da noite e abraçá-la, pois ela tornou-se meu travesseiro e eu seu cobertor.
É isso que procuramos, viver um amor leve e intenso; que não há necessidade de muito para entender o que o outro almeja, basta olharmos dentro dos olhos do Amor; nós saberemos, pois estamos olhando para nós mesmo, esse é o equilíbrio, esse é o amor que vivo, sinto e amo.
Ela me segura para eu não desistir, ela me incentiva me aplaudi e eu... Eu vibro com todas as conquistas dela, a quero todos os dias, quero todos os suspiros, todos abraços, quero fazer omelete junto, quero chorar cortando cebola com ela ao meu lado, para depois rirmos de tudo e terminarmos com a nossa garrafa de vinho... Eu a quero.
Desde o primeiro Jacarandá até o último despertar. Cara, desculpa, mas não vou esconder que eu sei amar.